#DicaCultural 40: fatos curiosos da história de Curitiba.
Selecionamos alguma histórias surpreendentes em vários endereços queridos da nossa capital.
Veja alguns fatos curiosos de Curitiba:
Memórias do Barigui
Com 1,4 milhão de metros quadrados, ele foi implantado em 1972 e é hoje o parque mais frequentado da capital, com uma média semanal de 170 000 visitantes.
Passeio de bonde
Uma linha de bondes puxados por mulas circulou pelo parque Barigui (Rodovia do Café, BR-277, km 0, Santo Inácio, 3339-8975) em 1978. O veículo era uma réplica do primeiro meio de transporte coletivo da cidade, também puxado por mulas, que funcionou até o início do século XX. O bonde do parque funcionou por poucos meses, já que as mulas não aguentaram o trabalho — enquanto os vagões originais levavam quinze passageiros e deslizavam por trilhos, a réplica carregava até quarenta pessoas e movia-se sobre rodas de motocicleta.
Quando o lago secou
Originalmente, o lago do parque deveria servir para a prática de esportes náuticos — uma regata de remo chegou a ser realizada em 1977. Mas a poluição trazida pelo Rio Barigui acabou frustrando o projeto. Das inúmeras obras realizadas para salvar o lago, a mais dramática ocorreu em 1986, quando suas comportas precisaram ser abertas. O escoamento dos 255 milhões de litros de água demorou duas semanas e a área de 230 000 metros quadrados ficou seca por mais de um ano.
Crime e castigo
Aberto em 1996, o Shopping Curitiba conserva a fachada do prédio de 1881, que sediou um quartel do Exército, cenário do desfecho de um dos crimes mais famosos da cidade: o assassinato de Maria da Conceição Bueno. Na noite de 29 de janeiro de 1893, ela foi a um baile sozinha, contra a vontade de seu affair, o praça Inácio Diniz, aquartelado naquela ocasião. Irado, ele saiu escondido e matou Maria com um punhal, na Rua Vicente Machado. Depois, voltou ao quartel e jogou a arma em um poço. Ele foi absolvido por falta de provas e Maria virou uma espécie de santa popular. No ano seguinte, Diniz foi apanhado com mulas roubadas, levado preso ao quartel e fuzilado no pátio. Quem visita o túmulo de Maria, no Cemitério São Francisco de Paula, não tem dúvida: foi castigo divino.
Atmosfera de guerra
Em 1942, em plena II Guerra Mundial, o clima de conflito também pairava em Curitiba. Inaugurado em 1887, a sede do Clube Concórdia (Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 815, São Francisco, 3222-8685), hoje um tradicional salão de festas da cidade, foi alvo de vandalismo por abrigar uma associação de cantores alemães. Vidros, cadeiras e mesas foram quebrados, e um piano, arremessado do palco. Em 1919, já havia permanecido fechado por 21 meses — à época, conhecido pelo nome em alemão, Verein Deutscher Sängerbund (Associação de Cantores Alemães), ainda exibido na fachada.
O guardião de tesouros
Em fevereiro deste ano, o acervo do Museu Oscar Niemeyer (Rua Marechal Hermes, 999, Centro Cívico, 3350-4400) ganhou um reforço de origem incomum. São as 48 obras de arte apreendidas pela Polícia Federal na Operação Lava-Jato — que investiga o esquema de corrupção na Petrobras —, confiadas ao museu para preservação e manutenção. Quem está curioso para ver de perto essas peças já pode se programar: em abril, a mostra Obras sob a Guarda do MON deve exibi-las com outras dezesseis telas entregues ao acervo na primeira etapa da investigação, ocorrida em 2014. O conjunto reúne gravuras do espanhol Salvador Dalí e trabalhos de Vik Muniz, Amilcar de Castro, Cícero Dias, Di Cavalcanti, Daniel Senise, entre outros artistas brasileiros. O público também pode aproveitar a visita para conhecer mais uma joia escondida: a biblioteca do MON, especializada em arte, arquitetura e design. Além dos 9 000 títulos, ela guarda preciosidades, como os depoimentos em vídeo de artistas que já tiveram suas obras expostas no museu. O último a entrar para a coleção foi o fotógrafo Sebastião Salgado, em cartaz com a individual Genesis até 5 de abril.
Arquibancada alternativa
Entre os anos 50 e 60, torcedores do Clube Atlético Ferroviário faziam jus ao nome do time: costumavam assistir aos jogos de cima dos trens que ficavam estacionados na parte de trás do Estádio Durival Britto e Silva (Rua Engenheiro Rebouças, 1100, Rebouças), onde hoje passa a Avenida Doutor Dário Lopes dos Santos. Era dali que guarda-freios, graxeiros e eletricistas de estrada de ferro viam o clube entrar em campo sem pagar nada. “O muro era baixo e quem subia no vagão tinha uma boa visão”, conta Ernani Buchmann, autor do livro Quando o Futebol Andava de Trem e ex-presidente do Paraná Clube. Infelizmente, a visão privilegiada nunca foi uma garantia de ver o jogo até o fim. Ernani revela que, no meio da partida, era comum o maquinista engatar os vagões na locomotiva e mudá-los de lugar, soltando apitos. “Já fazia parte do show.” O estádio, inaugurado em 1947, tornou-se a casa do Paraná Clube em 1989.
Fonte: https://vejabrasil.abril.com.br/